Qual é o Bom Professor?


Acredito que antes de discorrermos sobre o que viria a ser um “bom professor”, seja necessário entendermos primeiro o que é ser professor. Ao compreendermos e assimilarmos claramente o que de fato é ser professor, vamos explicitar o que é ser um “bom professor”. Tendo em vista a idéia de que a profissão docente pode estar ligada para muitos, a uma missão ou a um dom, àquele que verdadeiramente é professor, é bom em sua atividade. Já aquele que encontrou na docência um segundo emprego ou somente uma alternativa profissional, ou ainda, por seu acúmulo de conhecimento, constitui-se professor, é necessário e imprescindível a definição do que é ser um bom professor.
Um professor que entra em sala de aula seguro por que sabe o que vai ensinar, precisa lembrar que ele necessita saber também, como deve ensinar. Ele (o professor) já tem “o conhecimento”, e seus alunos estarão ali esperando para aprender, porém em muitas ocasiões serão impedidos por uma infinidade de questões psicológicas que se trabalhadas pelo professor, o ensino será facilitado.
Muitos são os desafios encontrados na educação. Para Rios (2010), há demandas que se configuram como desafios: um mundo fragmentado, exige a superação desta fragmentação, uma visão de totalidade, articulando saberes e capacidades; um mundo globalizado, requer um trabalho interdisciplinar, que só se dará a partir da efetiva disciplinaridade; e ainda, a reapropriação do afeto no espaço pedagógico. Neste ponto, vemos que o professor deve estar atento às mudanças que ocorrem em todo o contexto no qual a educação está inserida e procurar melhorar a cada dia ou a cada mudança, sua atividade docente. Considerar seus alunos em toda sua complexidade como pessoa. Proporcionando uma aprendizagem para a vida, onde cada indivíduo tem sua própria capacidade para receber e processar informações, resultantes de experiências prévias ou de fatores cognitivos (DEAQUINO, 2007). Em Falcão (2000), encontramos que motivação é vida; o estudo das matérias escolares é apenas uma fatia da vida, ou esse estudo se integra na vida dos alunos ou não haverá interesse pela aula.
Rios (2010), propõe a reflexão crítica, ou seja, quando se faz uma reflexão sobre o próprio trabalho, questiona-se sua validade e seu significado. A pessoa investida desta obrigação que é ensinar, deve e é recomendado que faça constantemente um auto avaliação de seu trabalho através de uma reflexão crítica, observando se está sendo válido e com significado.
O bom professor, abarca na formação de seus alunos o conhecimento afetivo-emocional, habilidades e atitudes ou valores. Não basta ser um técnico excelente, é necessário que o profissional possua outras habilidades. O que podemos chamar de competências. Assim, de acordo com Rios (2010), Competência, é o termo usado para designar múltiplos conceitos como capacidade, saber, habilidade, conjunto de habilidades e especificidade.
Apesar de que em uma sala de aula ou em um ambiente de ensino o objetivo é que os alunos aprendam, não se pode entender todos como sendo iguais. A individualidade deve ser respeitada e apreciada no processo de ensino, cada um com suas preferências e diferenças. No processo de aprendizagem é necessário que se leve em consideração os recursos sensoriais do aluno, a individualidade, as interações inerentes ao contexto e todos os processos psicológicos ocorridos neste momento. Para DeAquino (2007), há uma variedade de estilos de aprendizagem nos grupos de alunos e os educadores precisam estar conscientes dessa diversidade. Conhecer e aplicar de forma significativa a pedagogia, a andragogia e a didática, fará com que este profissional docente se torne um bom professor.
DeAquino (2007) afirma que o maior problema enfrentado na educação superior é que a maioria dos educadores, não reconhecem a linguagem dos aprendizes. Não possuem a preocupação em entender as pessoas, o que leva à criação de estereótipos no ambiente educacional, denominando algumas pessoas como “despreparadas” ou “incapazes”, sujeitando-as a um único estilo de transmissão de conhecimento.
O professor que fato se preocupa com o crescimento como pessoa de seus alunos, fará da aprendizagem um processo prazeroso e inesquecível, e poderá contribuir para o desenvolvimento de homens e mulheres melhores. Carmo (2010), afirma que a relação professor-aluno envolve mais do que aspectos emocionais, porém nem sempre os professores são lembrados pela competência no saber, mas são lembrados pelo modo como tratavam seus alunos. Em sala de aula o professor é uma referência, e segundo Carmo (2010), desde o primeiro dia de aula, os alunos elaboram uma série de avaliações subjetivas em relação ao professor, observando como ele se veste, como fala, se é seguro, intransigente ou aberto ao diálogo, entre outras.
Como educador preciso contribuir para que essas pessoas que chegam a mim possam se desenvolver e crescer como seres humanos. Verdadeiros professores dão significado aos seus ensinamentos e conduzem a pessoa com todas as suas dificuldades e habilidades a um nível mais elevado. Enquanto para outros é suficiente que seus alunos permaneçam “quietos”, ouvindo e obtenham boas notas em suas provas. Grande parte das dificuldades de aprendizagem dos alunos tem a ver com o fato de que o teor das matérias não possui grande significação para eles, sendo este um dos maiores desafios à capacidade do professor. O problema da aprendizagem é muito antes, o problema da vida (FALCÃO 2000).
Vários são os aspectos observados no “bom professor” e no “mau professor”. Por exemplo, o bom professor é um pesquisador, traz significado à  sua aula, contextualiza seus conteúdos, motiva seus alunos, desenvolve competências, criatividade, sua aula é baseada na humanização, além de tratar seus alunos com empatia. Já o mau professor, monopoliza o conhecimento, é tecnicista, não conhece seus alunos, entre outras. Existem muitos professores que possuem uma enorme gama de conhecimentos, são especialistas em sua área de trabalho, possuem títulos, mas não conseguem ensinar ou não se preocupam com isso. Acreditam que ter o conhecimento é o suficiente. Vimos, que isto não é suficiente, muito pelo contrário, o bom professor sempre proporcionará o desenvolvimento de seus alunos, enquanto pessoas e fará da aprendizagem, um ensino para a vida.

REFERÊNCIAS:
CARMO, J. S. Fundamentos Psicológicos da Educação. Curitiba: Ibpex, 2010.
DEAQUINO, C. T. E. Como Aprender Andragogia e as Habilidades de Aprendizagem. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
FALCÃO, G. M. Psicologia da Aprendizagem. São Paulo: Ática, 2000.
RIOS, T. A. Compreender e Ensinar: Por um Docência de Melhor Qualidade. São Paulo: Cortez, 2010.

Marcos Messias da Silva Justiniano
Palestrante/Docente/Psicólogo

(11) 98433-1067

Comentários

  1. Amei os seus textos. São objetivos e conseguem abordar aspectos muito importantes da relação professor-aluno.

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