NÃO VOLTE ATRÁS Os Alicerces da Prevenção de Recaída
Vimos que a Prevenção
de Recaída é um conjunto de técnicas que precisam ser praticadas e observadas a
partir do desejo de manter um novo padrão de vida, com novos comportamentos.
Não se esqueça da importância da Autoeficácia, afetos positivos e negativos,
expectativas de resultado, motivação, fissura, habilidades de enfrentamento e
do suporte social.
É importante também que
a pessoa saiba como lidar de forma efetiva com as situações que se colocam,
reestruture sua rotina, suas atividades e sua rede social. A conhecida
estratégia de se evitar hábitos, lugares e pessoas que te remetam ao antigo
comportamento é essencial para a manutenção da mudança de comportamento.
Meu amigo e minha
amiga, se você optou pela mudança e está disposto a mantê-la, serão necessárias
a compreensão e a prática de um novo estilo de vida. Não é possível manter uma
mudança comportamental se seu estilo de vida continuar o mesmo. Talvez alguns
hábitos, lugares e mesmo pessoas parecem ter um significado especial e um
grande valor, porém, se eles te conduzem, de forma a favorecer seu retrocesso
comportamental, abra mão e verá que valerá a pena.
Veja e reveja sua
rotina, pensando sempre neste novo estilo de vida. Encontre atividades que
podem se constituir em fontes de prazer positivas e reelabore sua rotina a
partir deste diagnóstico. Se outrora, você encontrava prazer em consumir
substâncias químicas, busque agora atividades que lhe proporcionarão prazer de
forma positiva, como por exemplo um esporte, frequência a uma comunidade
religiosa, artes.
Não se esqueça de seu
plano de ação, o planejamento que realizou para alcançar suas metas e seus
objetivos. Sempre importante lembrar que o consumo de substâncias químicas não
combina com seus objetivos e sonhos.
Quero abordar com você
sobre as “Situações de Alto Risco”. De acordo com Jungerman (2013), essas
situações são aquelas em que impõem ao indivíduo uma ameaça e o impede de se
controlar muitas vezes, aumentando o risco de um lapso ou de uma recaída. Em se
tratando de Prevenção de Recaída, precisaremos reconhecer essas situações e
evitá-las quando necessário e possível. Ou se não for possível evitá-las, lidar
de forma adequada e positiva.
As Situações de Alto
Risco estão classificadas em dois grupos: aquelas que se referem a estados
emocionais do indivíduo ou ao ambiente e aquelas que se referem a questões de
relacionamento com outras pessoas (JUNGERMAN, 2013).
Os determinantes
intrapessoais e ambientais são:
·
Estados
emocionais negativos: frustração, raiva, depressão, medo, solidão, entre
outros;
·
Estados
emocionais positivos: alegria, satisfação, euforia;
·
Estados
físicos e fisiológicos negativos: abstinência, dores, doenças;
·
Teste
de controle pessoal: a pessoa sente vontade de testar sua capacidade para ver
se realmente é capaz de manter o controle e se expõe a uma situação de risco.
Os determinantes
interpessoais são:
·
Conflitos
com companheiro, família ou amigos, que geram estados emocionais negativos;
·
Pressão
social: Quando os amigos por exemplo insistem para que a pessoa faça algo que
não mais quer. Ou quando em uma festa, as pessoas estão se divertindo com o
consumo de bebidas alcoólicas e substâncias químicas.
Fique atento a estes
determinantes e procure identificar estas Situações de Alto Risco. Se você já
passou por recaídas, lembre-se como foi, o início, os gatilhos, as situações,
os pensamentos e as emoções que antecederam seu retrocesso. Escrever pode ser
um bom exercício para seu preparo e prevenção.
Diante das Situações de
Alto Risco cuidado com o “Efeito da Atribuição Pessoal”, que se trata da
associação que é feita do uso, com questões intrapessoais. Por exemplo, crenças
de incapacidade de enfrentamento, justificando o consumo por ser incapaz,
doente ou fraco.
Outro ponto importante
que quero salientar com você são as “Decisões Aparentemente Irrelevantes”, que
de acordo com Jungermam (2013), são armadilhas mentais que podem causar
problemas na manutenção da mudança. Essas Decisões Aparentemente Irrelevantes
são uma série de decisões do dia a dia, como qual caminho pegar para ir para
casa, se vai ou não visitar um amigo, se sai ou não naquele horário. Essas
decisões podem levar o indivíduo a uma situação fora de seu controle e a
tentações difíceis de resistir (JUNGERMAM, 2013). Geralmente a pessoa não está
consciente deste processo, mas parentes e amigos podem ver o lapso surgindo.
A melhor forma para que
não caia na armadilha das Decisões Aparentemente Irrelevantes é reconhece-las e
optar por decisões que colaborem com sua mudança. Procure compreender o
princípio desta cadeia que pode comprometer sua abstinência e saúde. Agir no
início do processo será mais fácil do que tomar uma decisão depois de exposto a
uma Situação de Alto Risco. Encare essas Decisões Aparentemente Irrelevantes
como um alerta que serve de sinal para uma intervenção.
A Prevenção de Recaída
vem se mostrando como uma abordagem muito útil no manejo de casos de
dependência química (JUNGERMAM, 2013). Identificar situações de risco, aprender
a enfrenta-las e mudar o estilo de vida são atitudes que podem contribuir para
a manutenção da mudança de comportamento.
REFERÊNCIA:
LARANJEIRA, R.; ZANELATTO, N. A. (Org.) O
Tratamento da Dependência Química e as Terapias Cognitivo-Comportamentais.
Porto Alegre: Artmed, 2013.
Marcos Messias da Silva
Justiniano
Psicólogo/Palestrante/Docente
CRP 06/106779 tel.: 98433-1067
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